Com o crescente desenvolvimento da internet e dos meios informatizados entre os anos 1990 e 2000, a famosa virada do século, foi possível que a indústria e seus serviços conquistassem maiores ganhos em sua produtividade. Esse momento histórico se concretizou com a Terceira Revolução, em que são combinadas habilidades digitais e pessoais para fabricação, ademais dentro da Indústria 4.0 que busca uma maior conectividade, ferramentas como as impressoras 3D são muito importantes.
As três dimensões da impressão 3D
A fabricação aditiva, mais conhecida como impressão 3D, contempla diversos processos que possibilitam a confecção de produtos completos ou suas partes, desenhadas em softwares como o CAD, com processo feito com a sobreposição de camadas. Com isso, o método é expresso em 5 etapas, necessárias para que o objeto final seja feito:
Definição: neste momento é feito o desenho da peça, pode-se utilizar programas de modelagem, também podem ser utilizados aparelhos de engenharia reversa como scanners, para reproduzir um objeto já pronto.
Conversão: o arquivo aceito na maior parte das impressoras é o STL – Linguagem de Tesselação Padrão – que é o formato mais utilizado nas impressoras.
Transferência: ao passar o arquivo para o aparelho há um terceiro passo de ajustes para corrigir posicionamento, tamanho ou orientação da peça, além de readequar os parâmetros na impressora de acordo com a matéria-prima.
Produção: o processo de confecção é totalmente automatizado, não tem necessidade de intervenção humana, apenas para suprir as demandas de materiais, a carga da máquina e correção de possíveis problemas.
Acabamento: ao fim da produção é necessário retirar os suportes da peça, limpá-la, fazer os retoques finais como pintura e tratamento de superfície, que geralmente é feito manualmente.
Aplicação na construção civil
É importante considerar que ela dá mais liberdade aos projetistas, pois não há limitações para desenvolver peças conforme as características de movimento de máquinas-ferramentas, empregadas nos processos tradicionais de usinagem. Além disso, a tecnologia viabiliza uma produção mais ampla de partes com geometria mais complexa e ocas, as quais consolidam os componentes em uma peça única que se torna mais leve, ainda que seja tão resistente quanto as mais convencionais.
Outro ponto é a produção de baixa escala, visto que em alguns processos a impressão 3D permite o uso de uma quantidade mais exata de material, o que ajuda no fator sustentabilidade que é cada vez mais crucial. Ou seja, as mudanças podem ser significativas no âmbito da construção civil, como uma revolução na maneira de construir, devido as possibilidades de automação e produção local, reduz custos, tempo e mão de obra braçal, sem contar que permite uma liberdade projetual maior e a redução de desperdícios.
No entanto, existem alguns entraves, isso porque a indústria de construção civil é uma das mais tradicionais, fazendo com que a afeição pelo método artesanal seja muito mais valorizada nesse contexto. Além disso há dúvidas perante a nova tecnologia que não está tão bem estabelecida, dado que necessita de tecnologias como BIM, que tem um alto valor, e profissionais especializados para transformar tal método em uma escala que exigiria máquinas de dimensões muito superiores às impressoras 3D tradicionais. A exemplo disso, um estudo está em andamento para avaliar a viabilidade da impressão de casas inteiras em 3D, contudo, ainda há discussões sobre o custo-benefício dessa aplicação mercadológica. Por fim, uma questão muito debatida é que não há estudos realizados suficientes para atestar, sobretudo no contexto brasileiro, a aplicabilidade do recurso em grande escala na construção civil e, por isso, muitos não consideram que se tenha valor agregado suficiente.
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